Realmente, eu vi tudo que posso, senti tudo que posso, mas mesmo assim Deus me diz que posso continuar, e esse continuar significa dor e alegria.
Me diz que sou forte e que vou suportar! Mas na verdade me sinto frágil como folhas de outono, frágil como uma pétala de rosa... indefesa!

Eu ali sozinha agora, olhando para o corpo dele naquela cama e logo depois os enfermeiros levando para o necrotério do hospital. Fiquei ali na porta olhando meu pai indo embora, chorei, e corri pelo corredor, parei a maca e pedi por favor por mais um instante, abracei seu corpo morto, ainda quente, chorei e beijei seu rosto, eles cobriram com um lençol branco e seguiram. Fiquei ali alguns instantes parada, imóvel, quando a sua filha mais velha chega, grávida, (filha dele do 1º casamento), quando me viu abriu um sorriso lindo, e eu sequei as lagrimas e disse, o pai foi fazer um exame, vai demorar, melhor você ir para casa, depois eu te ligo! Ela me olhou e disse: - Exame? De quê?
Eu respondi: - Ultrasson
Ela disse: - Ah eu vou lá, conheço todos do setor.
Eu me esquecera que ela trabalhou muitos anos ali, naquele hospital.
Então rapidamente eu disse: - Vamos tomar um café, tô precisando.
Ela por fim me seguiu, na lanchonete eu contei a verdade, ela chorou muito e eu fiquei ali estática, sem palavras.
Já se passavam das 10:30 e minha mãe iria chegar. Num gesto de desespero eu liguei para minha irmã mais velha e pedi que desse a notícia. Ela chorou!
E eu? Eu tava lá no hospital, triste!
Naquele momento só pensava em sair dali e dormir, mas não, fui para o IML liberar o corpo e acertar tudo para o enterro. Tudo foi muito chocante, mas eu me sentia bem, conversei, comi, ri, até quase apanhei do filho dele, porque queria levar para outro cemitério, e o meu pai queria ficar em Cotia mesmo, já tinha nos pedido. Mas quando vi minha mãe sendo amparada pela minha irma do meio, senti novamente aquela dor no meu peito, pensei que fosse morrer também. A cerimonia foi triste, fomos pra casa, e eu só pensava nele, segurando minha mão. Queria um carinho, um abraço naquele momento de dor, e quem estava comigo, além de meu filho, Deus. Só Deus!!
Sempre me dizem você é forte, lutadora, e porque me sinto frágil e sem rumo?
Depressão? Sintomas de saudade? Não sei... só sei que tenho uma certeza, vai passar, e quando eu ler este post vou me lembrar desse momento e rir ou chorar...não sei, mas sei não estarei mais sofrendo, pode ser que por outro motivo, mais isso não importa.
O que importa é que vai passar, eu creio!!!
É isso! Ouvindo Sandy Leah - Pés cansandos
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